DEIFICAÇÃO VIRTUAL X PERSONAS DIGITAIS: como representamos nossos mitos ao longo da história?

Vishnu, Brahma e Shiva estão entre as mais importantes divindades do hinduísmo, sendo a principal trindade da religião. Chamá-los de “avatares originais” pode parecer algo desconexo e até mesmo equivocado, se considerarmos o que entendemos como avatares atualmente. Mas e se dissermos que o significado da palavra “avatar” nem sempre foi esse?

O termo Avatar deriva do sânscrito Avatāra, que significa "descida de Deus" ou "encarnação". Na religião hindu, os Avatares são uma manifestação corporal de um ser imortal; as encarnações de divindades, que residem em um plano espiritual.

Antes de ser apropriado pelo Vale do Silício, o termo era usado exclusivamente para denominar qualquer espírito que ocupasse um corpo físico, representando assim uma manifestação divina na Terra. Ou seja, quando uma forma despersonalizada de Seres Supremos – como Vishnu, Brahma e Shiva – transcende da dimensão elevada (ou espiritual) para o plano material, Ela é conhecida então como Avatāra.

Sob uma nova ótica, o campo da tecnologia passa a usar o mesmo termo ao pensar os Avatares digitais como figuras que transcendem o corpo físico e a imagem do usuário, que ganham almas e corpos múltiplos virtuais.

Aqui, cria-se a ideia dos avatares como representações gráficas complexas das múltiplas identidades que os indivíduos adquirem em um mundo virtual igualmente múltiplo.

E como os mitos entram nessa história?

Mito não é verdade. Também não é mentira. Ele nada mais é que uma representação, pautada pelo imaginário e carregada de mensagens, símbolos, códigos e protocolos culturais de um determinado grupo ou época.

O mito nasce do desejo e da necessidade humana de ter sua identidade reconhecida pelos outros. Não é por acaso que, com o advento das mídias sociais, cria-se a cultura e o mercado da influência, que transforma indivíduos e narrativas do ambiente virtual em uma espécie de divindade virtual.

Na Web 3, os influenciadores encontram uma nova forma de se comunicarem com as suas comunidades, criando alter egos e personalidades completamente digitais. Em uma realidade em que a busca pelo senso de comunidade é ainda mais latente e o conceito de identidade mais fluido, os usuários encontram nos avatares uma nova forma de se ser e de se expressar através do lúdico/fantástico.

Por isso, é imprescindível entender quais são os novos desejos e anseios humanos, suas origens e a forma como eles devem ser representados para que uma narrativa ganhe relevância e atenda à necessidade de pertencimento frente a uma identidade coletiva.

Anterior
Anterior

O QUE É ECONOMIA DIRECT-TO-AVATAR?

Próximo
Próximo

VOCÊ SABE O QUE É UM AVATAR?