Esse texto não é sobre a última marca do momento.

Mas, é sobre como ajudá-la a sobreviver no “resto do mundo”.

Algumas vezes eu me deparo com sites ou cadastros de concursos internacionais onde encontro uma lista de países para selecionar e em seguida um botão escrito “rest of the world”. Os países disponíveis logo de cara são geralmente os conhecidos europeus mais os Estados Unidos. Na lista do “resto” está o Brasil junto com outros 50 ou 80. O mundo tem 195 países, alguns deles, no entanto, não aparecem nem mesmo como “resto”. O uso dessa expressão tem mudado nos últimos anos. Alguns formulários trocaram para “Worldwide” com a ideia de “o mundo maior”. 

ESTAMOS NO RESTO DO MUNDO

Essa mensagem pode chegar como um choque: Você vive no “resto do mundo”. Não estou falando apenas de quem vive nas periferias sem saneamento ou nas cidades esquecidas no caminho do poder público, falo de qualquer pessoa que vive no Brasil. Mesmo que seja vizinho de global no Horto e jante pratos de 200 reais no Itaim, você faz parte do resto do mundo. 

Entrar no “rest of the world” não é uma questão financeira. China, Rússia, Emirados, Índia geralmente estão lá ao lado de todos os países africanos, asiáticos e latinos.

O mundo da moda e da tecnologia abraça particularmente essa ideia. Na lista principal de opções, os centros estabelecidos pela história - França e EUA, mais precisamente, Paris e Vale do Silício. Na lista do resto do mundo, são colocados aqueles que ousam competir de igual por igual junto daqueles que não oferecem perigo. Exceções acontecem, mas o foco mundial deve se manter em suas origens, e isso tem enorme importância política ou seja, manter essas estrelas mundiais é de interesse fundamental de seus países. 

A arte digital do carioca Gabriel Massan ilustrou o palco da última turnê da Madonna. Nascido na baixada do Rio de Janeiro, ele aproveitou as oportunidades do sistema cultural europeu para se estabelecer em Berlim e conseguir desenvolver seu trabalho artístico.

MAS, POR QUE ISSO IMPORTA?

Por que passado o carnaval fora de época que é a semana de desfiles internacionais (NY - Paris - Milão - Londres) somos obrigados a voltar para a realidade do nosso sistema de moda. E passada a Coachella da galera da tecnologia, o SXSW, eles também precisarão voltar para o “resto”.

Quem trabalha com moda prefere falar sobre talentos, não sobre problemas. Quem trabalha com tecnologia prefere olhar para o futuro, quanto mais distante, melhor. O sentimento em qualquer palestra de tendência, nas duas áreas, é de otimismo. O mundo pode estar ruindo, mas alguém de Yale terá o fantástico insight de criar uma palestra defendendo que "o futuro do trabalho é a felicidade".

Groundbreaking

Fico me perguntando, com tantas pessoas e empresas querendo fazer tanto e propondo tanta coisa para melhorar o mundo, por que a situação não para de piorar?

Desfile da marca argentina Nous Etudions na BRIFW. Países fora dos eixos centrais podem se fortalecer mutuamente criando ecossistemas de troca de experiências em moda e tecnologia.

MODA E TECNOLOGIA DEVEM INSPIRAR

Eu concordo. A moda, a arte, o design, a beleza, devem nos fazer sorrir e sonhar. A tecnologia deve nos inspirar a melhorar o mundo a nossa volta, a fazer as coisas de forma mais inteligente. O problema é que enquanto consumimos tantas ideias inspiradoras de lugares como Europa e EUA, nos deparamos com uma realidade muito diferente. Infelizmente, nesse momento, precisamos assumir que o nosso sistema de moda (ou de tecnologia) não pode se apoiar em culturas que compartilham outras estruturas. Mas, isso significa que devemos olhar exclusivamente para dentro? Absolutamente não. O dilema atual reside em encontrar um equilíbrio entre absorver inspirações do mundo inteiro e ter consciência da nossa própria realidade, além de compreender como essas influências externas podem efetivamente contribuir para fortalecer nossos sistemas criativos e de negócios.

Apesar de já ter tido repercussão internacional, o artista digital Jean Petra de Belém do Pará enfrenta diversos desafios estruturais para conseguir desenvolver seu trabalho.

O SISTEMA DE MODA E BELEZA

Um sistema é feito de relações saudáveis entre diversas estruturas. Existe um fluxo de funções sociais, políticas e econômicas compartilhadas entre indústria, mercado e mídia que quando funcionam bem, todo mundo sai ganhando. No centro desse sistema está a educação. Com a entrada da internet na vida doméstica do mundo e, mais precisamente, com a chegada do membro familiar mais amado, o celular, na vida das pessoas, o sistema mudou radicalmente. Hoje, vivemos em fluxos transversais entre o mundo territorial e o mundo virtual. Existe um sistema de construção estética, seja na moda, beleza ou arte, que atende simultaneamente às necessidades analógicas e digitais. Por toda parte, fala-se de novas ferramentas, mas quando foi a última vez que você pensou de forma sistêmica?

A ECOLOGIA DIGITAL

Existe uma série de ferramentas e recursos para trabalharmos as novas tecnologias, mas conhecer apenas as ferramentas não é suficiente. Nosso mercado de moda e beleza precisa de um novo tipo de profissional, aquele que compreende essa nova ECOLOGIA DIGITAL sem medo de encarar seus desafios. Esse é um campo de estudo que examina as interações entre tecnologias digitais e o ambiente, incluindo tanto o ambiente natural quanto o construído e o social. Esse campo aborda como o uso de tecnologias digitais impacta o meio ambiente, a sociedade e a economia. 

PARA CONSTRUIRMOS ESTRUTURAS MAIS FORTES PARA A MODA, BELEZA E CULTURA BRASILEIRA, PRECISAMOS DE PESSOAS, INTERESSADAS NESSAS ÁREAS, QUE COMPREENDAM OS FLUXOS E RELAÇÕES DOS NOVOS SISTEMAS DE CRIAÇÃO E NEGÓCIOS PRESENTES NO MUNDO.
— Olivia Merquior

Imagine como seria bom viver em um sistema no qual a 'super talentosa geração de novos talentos' ainda exista daqui a 5 anos.

Pense nisso. Todos queremos sonhar, mas com um conhecimento mais profundo, você pode ajudar a criar um ambiente cultural muito mais interessante.

Nos vemos em breve.

Bjs, Oli

Na próxima quinta, teremos um encontro aberto no Zoom para conversarmos sobre a nova ecologia digital e como novas ferramentas reconfiguraram os SISTEMAS de MODA e BELEZA mundiais.

Se você quer transformar a sua visão de futuro, inscreva-se hoje.
Lugares limitados.

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Se você quer se aprofundar ainda mais no assunto, conheça o curso da VOGUE BRASIL com a BRIFW sobre "O FUTURO DOS NEGÓCIOS DE MODA E BELEZA". Últimas vagas. -> Aqui

Na imagem, a digital influencer: @shudu.gram

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